Diante da gravidade de sua situação, que exigia cirurgia complexa na região maxilar, não tendo vaga na capital, a paciente foi para aquele município. A transferência de hospital e de cidade seria natural não fosse evidência da precariedade dos serviços de saúde em Itabuna desde 2017.
Também por interferência da Central de Regulação duas mulheres grávidas, que aguardavam há mais de um dia por uma transferência da Maternidade Ester Gomes para o Hospital Manoel Novaes, foram levadas para fazer o parto em Jequié.
O mau atendimento que ambas tiveram resultou em protestos, com queima de pneus em frente ao Hospital Manoel Novaes e da casa do prefeito de Itabuna, Fernando Gomes, além de pedido de providências à Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab).
De acordo com os familiares, as duas mulheres – Najla Freitas e Luciana dos Santos – perderam bastante líquido amniótico. "O parto dela é cesáreo, já é o quarto filho. Ela tem 41 anos, é de alto risco. Fico preocupado porque estava sangrando e perdendo líquido, além de sentir dor”, diz Valdeci Silva, marido de Najla.
Já Maria das Virgens, irmã de Luciana, se disse angustiada. O Novaes não podia receber a parturiente e a Maternidade Ester Gomes também disse não. Familiares disseram que o pedido de transferência das gestantes foi feito pelos médicos na segunda-feira.
Segundo Adalberto Bezerra, superintendente da Santa Casa da Misericórdia, que administra o Novaes, os 49 leitos neonatal estão ocupados com pacientes do SUS. Adalberto disse ainda que, como a unidade atende pacientes de alto risco, não pode receber demanda espontânea, de livre acesso.
Em nota, a Sesab informou que as pacientes seriam transferidas para a Santa Casa São Judas Tadeu, em Jequié. No dia 25 de novembro um bebê indígena de 9 meses morreu após dar entrada no Hospital Manoel Novaes onde, segundo familiares, esperou cerca de 40 minutos para ser atendido.
Já os bebês de Luciana e Najla nasceram saudáveis. Analu e Mateus passam bem.